DESCRIÇÃO


1. Descrição

Um aspecto parece emergir como relevante quando o assunto é estabelecermos familiaridade acerca dos fatos linguísticos, bem como acerca daqueles que norteiam as situações de produção escrita, sobretudo os gêneros textuais. Subsidiando então nesse princípio, tomemos como exemplo primeiro as circunstâncias ligadas à oralidade, cujas situações são recorrentes em que nos pegamos descrevendo acerca de um fato, de um lugar, de uma pessoa ou até mesmo de um objeto. 
Indo um pouco mais além, contextualizando tal fato perante a linguagem escrita, a relevância adquire o mesmo tom, dada as circunstâncias comunicativas em que também fazemos uso dessa modalidade de composição, ora demarcada pela descrição. Nesse sentido, apoiando em outras modalidades, tais como anarração e a dissertação, não há como entendê-las e, sobretudo, materializá-las de forma separada, haja vista que todas elas podem se fundir ao mesmo tempo, a depender das intenções comunicativas propostas pelo enunciador.
 Com base, pois, em tais pressupostos, usuário(a) amigo(a), é que temos o privilégio de destinar a você esta subseção, que, de forma específica, explora aspectos amplamente pertinentes à chamada descrição, a qual se tornaconstatável por meio da seleção e organização dos elementos pelo observador para conduzir o interlocutor ao conhecimento da imagem de um dado objeto por ora descrito, lembrando-se de que esse objeto pode se materializar de distintos tipos.
Você entenderá também que essa descrição tanto pode se dar de forma fidedigna, ou seja, o objeto pode ser representado sem quaisquer traços de intervenções subjetivas por parte do observador, quanto pode também se dar por meio de nítidos traços de envolvimento pessoal por parte desse alguém. Como se vê, razões não faltam para clicar, constatar e se interagir com todas as novidades que aqui se encontram reservadas para essa pessoa tão especial: você!!!  Aproveite, pois!

1.1 - O QUE É DESCRIÇÃO?

É a ação que você toma de descrever sobre algo ou alguém.

Então, o que é descrever? Vejamos: de acordo com o dicionário, é o ato de narrar, contar minuciosamente.

Então, sempre que você expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição.

Essa última é como se fosse um retrato distinto e pessoal de algo que se vê ou se viu!

Assim, para se fazer uma boa descrição, não é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa forma, o que será importante ser analisado para um, não será para outro.

Portanto, a vivência de quem descreve também influencia na hora de transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.

Os pormenores são essenciais para se distinguir um determinado momento de qualquer outro, desse modo, a presença de adjetivos e locuções adjetivas é traço distinto de um texto descritivo.

Quando for descrever verbalmente, tenha sutileza ao transmitir e leve em consideração, de acordo com o fato, objeto ou pessoa analisada: a) as cores; b) altura; c) comprimento; d) dimensões; e) características físicas; f) características psicológicas; g) sensação térmica; h) tempo e clima; i) vegetação; j) perspectiva espacial; l) peso; m) textura; n) utilidade; o) localização; e assim por diante.

Claro, tudo vai depender do que está sendo descrito. Em uma paisagem, por exemplo, a descrição poderá considerar: a posição geográfica (norte, sul, leste, oeste); o clima (úmido, seco); tipo (rural, urbana); a sensação térmica (calor, frio) e se existem casas, árvores, rios, etc.

Veja no exemplo:

“Da janela de seu quarto podia ver o mar. Estava calmo e, por isso, parecia até mais azul. A maresia inundava seu cantinho de descanso e arrepiava seu corpo...estava muito frio, ela sentia, mas não queria fechar a entrada daquela sensação boa. Ao norte, a ilha que mais gostava de ir, era só um pedacinho de terra iluminado pelos últimos raios solares do final daquela tarde; estava longe...longe! Não sabia como agradecer a Deus, morava em um paraíso!”

A sensação que o leitor ou ouvinte tem que ter em uma descrição é a de que foi transportado para o local da narração descritiva.

Da mesma forma, quando um objeto é descrito, o interlocutor dever ter a sensação de que está vendo aquele sofá ou aquela xícara.

Por fim, vejamos a seguir os dois tipos de descrição existentes:

• Descrição objetiva: acontece quando o que é descrito apresenta-se de forma direta, simples, concreta, como realmente é:

a) O objeto tem 3 metros de diâmetro, é cinza claro, pesa 1 tonelada e será utilizado na fabricação de fraldas descartáveis.

b) Ana tem 1,80, pele morena, olhos castanhos claros, cabelos castanhos escuros e lisos e pesa 65 kg. É modelo desde os 15 anos.

Descrição subjetiva: ocorre quando há emoção por parte de quem descreve:

a) Era doce, calma e respeitava muito aos pais. Porém, comigo, não tinha pudores: era arisca e maliciosa, mas isso não me incomodava.

Portanto, na descrição subjetiva há interferência emocional por parte do interlocutor a respeito do que observa, analisa.

Como você vai saber se fez uma excelente narração descritiva? Quando reler o seu texto e perceber se de fato outros leitores visualizarão como reais o que está sendo descrito!

1.2 - COMO FAZER UMA BOA DESCRIÇÃO?

Uma boa descrição requer uma observação criteriosa e caracterizada pela exposição dos traços físicos, psicológicos e até mesmo emocionais.

Lembre-se que a descrição objetiva apresenta a pessoa, lugar ou objeto de uma maneira realística, sem inclusão das percepções pessoais. Na descrição subjetiva, porém, o observador faz uso de suas impressões particulares.

Vejamos então, como fazer uma boa descrição de:

a) Pessoa: Geralmente quando falamos de uma pessoa, lembramos de seu modo de sorrir, de sua estatura, do formato do rosto, e assim por diante. Portanto, ao retratar alguém no papel você pode salientar algumas peculiaridades físicas, como: altura, cor da pele, cor dos olhos e cabelos, peso, modo de vestir, tom da voz, etc.. Também deverá apontar características psicológicas: caráter, temperamento, modo de se expressar, conduta, modo de agir, modo de falar, etc.

b) Lugar: Há vários elementos que você pode citar. O importante é que o leitor se sinta no local descrito. Para isso, observe se este lugar é fechado ou aberto. Se fechado, descreva sobre as cores da parede, da cortina, da porta; o tipo de piso, a maneira que os objetos estão dispostos, a luminosidade; o sentimento provável de quem fica no ambiente por muito tempo, etc. Se aberto, fale sobre o pano de fundo local, se há árvores, animais, que tipo de animais, se há grama e qual a sensação de pisar nela (se for o caso), se há frutos nas árvores ou se elas estão secas, o clima, a temperatura ambiente, os aromas, os sons, etc.

c) Objeto: Observe o formato (redondo, triangular), a dimensão (largura, altura, espessura), o material de sua composição, a aparência (cor, brilho, peso, textura), se é velho ou novo, se há manchas ou algo que indique que é velho (folhas amareladas), sua utilidade, seu valor, etc.

Se você seguir esses critérios, fará uma ótima descrição!

1.3 - O ATO DE ESCREVER

Existem momentos e situações em que temos que transmitir uma imagem, um lugar, uma pessoa, uma obra artística, para isso utilizamos a linguagem; essa atitude é chamada de descrição.

Ao fazermos uma descrição podemos explorar a linguagem não verbal (fotos, pinturas, etc.) e a linguagem verbal (oral e escrita).
Quando redigimos um texto com essa finalidade compomos um texto descritivo. Através do texto descritivo apresentamos ao nosso interlocutor um ambiente, um objeto, um ser a partir de nosso ponto de vista, assim, ele estará impregnado de nossa postura pessoal.
A redação de um texto descritivo
Descrever é um processo no qual se empregam os sentidos para captar uma realidade e transportá-la para o texto.
A elaboração do texto requer domínio da modalidade escrita da língua e as finalidades a que o texto se propõe.
Elementos básicos de uma descrição:
- identificar os elementos;
- situar o elemento (lugar que ele ocupa no tempo e no espaço);
- qualificar o elemento dando-lhe características e apresentando um julgamento sobre ele.
A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
descrição objetiva: quando o objeto, ser, ambiente são apresentados como realmente são;
descrição subjetiva: quando o objeto, ser, ambiente são transfigurados pela emoção de quem descreve.
Características gramaticais:
- verbos de ligação;
- frases e predicados nominais;
- verbos no presente e pretérito imperfeito do indicativo (predominantemente);
- adjetivos.
O texto descritivo, geralmente, é incorporado ao narrativo ou ao argumentativo.
Veja os exemplos a seguir:

"A bolacha-da-praia,
a estrela-do-mar e o
ouriço-do-mar são parentes.
A estrela-do-mar é carnívora. Com seus "pés", ela abre as conchas e se alimenta delas. Depois, ela permanece
até dez dias em jejum.
A bolacha e a estrela ficam semi-enterradas no fundo
do mar; o ouriço é achado
em rochas."
                                    (Folhinha de S. Paulo, 23/01/99) 

                                       
Prima Julieta
                 Murilo Mendes 


Prima Julieta, jovem viúva, aparecia de vez em quando na casa de meus pais ou na de minhas tias. O marido, que lhe deixara uma fortuna substancial, pertencia ao ramo rico da família Monteiro de Barros. Nós éramos do ramo pobre. Prima Julieta possuía uma casa no Rio e outra em Juiz de Fora. Morava em companhia de uma filha adotiva. E já fora três vezes à Europa.
Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trinta e dois anos de idade.
Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz Virgílio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás, remando os belos braços brancos. A cabeleira loura incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de um verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida, em dois planos; voz de pessoa da alta sociedade. Uma vez descobri admirado sua nuca, que naquele tempo chamavam de cangote, nome expressivo: pressupõe jugo e domínio. No caso somos nós, homens, a sofrer a canga. Descobri por intuição a beleza do cangote e do pescoço feminino, não querendo com isto dizer que subestimava outras regiões do universo.

                     MENDES, Murilo. A idade do serrote. Rio de Janeiro,
                          Sabiá, 1968. p. 88-9.


1.4 - UM TEXTO DESCRITIVO

Antes de partirmos para a escrita de qualquer texto devemos conscientizar-nos de que a mesma requer certas habilidades que apreendemos ao longo de nossa experiência, tais como aperfeiçoamento vocabular, domínio das regras gramaticais como um todo, conhecimento de elementos linguísticos e extratextuais, entre outros.
Outro fator de extrema relevância é a técnica utilizada para compor os diversificados tipos de textos, sejam estes: narrativos, descritivos ou dissertativos.

O texto descritivo por excelência consiste em uma percepção sensorial, representada pelos cinco sentidos (visão, tato, paladar, olfato e audição) no intuito de relatar as impressões capturadas com base em uma pessoa, objeto, animal, lugar ou mesmo um determinado acontecimento do cotidiano. 

É como se fosse uma fotografia traduzida por meio de palavras, sendo que estas são “ornamentadas” de riquíssimos detalhes, de modo a propiciar a criação de uma imagem do objeto descrito na mente do leitor.

A descrição pode ser retratada apoiando-se sob dois pontos de vista: o objetivo e o subjetivo. 

Na descrição objetiva, como literalmente ela traduz, o objetivo principal é relatar as características do “objeto” de modo preciso, isentando-se de comentários pessoais ou atribuições de quaisquer termos que possibilitem a múltiplas interpretações.

A subjetiva perfaz-se de uma linguagem mais pessoal, na qual são permitidas opiniões, expressão de sentimentos e emoções e o emprego de construções livres em que revelem um “toque” de individualismo por parte de quem a descreve.


REFERENCIA




Nenhum comentário:

Postar um comentário